Ai Weiwei é um dos artistas-ativistas mais destacados da atualidade. Artista plástico, cineasta, designer e arquiteto nascido na China, é um defensor da liberdade de expressão e dos direitos humanos. Um de seus projetos mais recentes aborda a crise de refugiados, tema de seu filme Human Flow, de 2017. Neste evento especial da temporada 2018 do Fronteiras do Pensamento Porto Alegre, ele foi entrevistado pelo curador e diretor artístico brasileiro Marcello Dantas. Dantas é o curador da exposição Ai Weiwei Raiz, que apresenta em São Paulo (até janeiro de 2019, na Oca do Ibirapuera) toda a iconografia do artista e obras nas quais ele fornece uma interpretação da cultura brasileira. Liberdade de expressão, democracia e arte foram os principais temas da conversa.
O Escritório de Intérpretes foi o responsável mais uma vez, pela tradução do evento, e da entrevista com o artista chinês.
Selfie tirada pelo próprio Weiwei.
Quem é Ai Weiwei?
Weiwei é um dos artistas-ativistas mais destacados da atualidade. Desde a década de 1970, quando se tornou possível defender a liberdade de expressão na China, ele manifesta o ativismo em suas obras. É filho do poeta chinês Ai Qing, um dos primeiros intelectuais a serem politicamente cerceados. Com os amigos do pai aprendeu as habilidades básicas de desenho e estudou cinema na Academia de Cinema de Pequim.
Integrante da primeira geração de chineses que estudou fora do país, em 1981 se mudou para os Estados Unidos, onde permaneceu até 1993, voltando para a China por conta da saúde debilitada do pai. Ao longo da carreira, sua postura sempre foi irreverente, como em Dropping a han dynasty urn, na qual ele fotografou-se quebrando um vaso de dois mil anos; ou Sunflower seeds, quando cobriu o chão de uma sala da galeria Tate, em Londres, com sementes de girassol falsas feitas à mão por trabalhadores chineses.
Em 2011, foi preso no Aeroporto de Pequim sob acusações de “evasão fiscal”. Passou 81 dias desaparecido, mesmo sob intensos protestos nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra, na Alemanha e na própria China. Embora tenha sido solto no ano seguinte, permaneceu em prisão domiciliar em seu estúdio até 2015, impedido de viajar e se engajar nas redes sociais. Atualmente, mora na Alemanha.
Ai Weiwei entende que seu trabalho é dar voz aos que não têm como falar. Seu projeto mais recente aborda a crise de refugiados em 23 países, tema de seu filme Human Flow – Não Existe Lar se Não Há para Onde Ir, de 2017.
Fonte: Fronteira do Pensamento